25.12.09

resposta para a falta de título da Maria

Maria,
Estamos quase no fim deste ano tão maluco.
Tantas coisas aconteceram. Tantas decepções... Talvez, se alguém perguntasse um título para este ano, chamaria de ano da decepção! Foi decepção com gente, com sonhos, com os desejos... com gente que se dizia amigo... e virou inimigo! Muitas máscaras caíram.
Mas, sabe, Maria... de tudo isso, ficou uma certeza, entre crises, decepções e sofrimentos, decobrimos mais e mais sobre quem somos frente à vida. E isso não é genial?!
E descobri que tenho um pé na falta de lugar certo neste mundão... Acho que entendo você. Coisas de sagitarianos! Mesmo que o meu seja só o ascendente...
Por isso, Maricota, sabemos muito pouco de como se colocar rótulos nas coisas! Porque categorizar algo diante da vontade de ser e não ser... seja lá ou cá... aqui ou acolá, fica complicado, né?!
A vida é muito maior que isso... os quatros anos de prisão liberta (= faculdade) nos provou isso.
Podemos pensar e fazer acontecer apesar dos rótulos: cineasta, filósofa?! O que nos importa?
Importa mesmo que estamos prontas, independentemente do jeito, e em qual lugar nos encontrarmos... mas, sempre distribuindo afetos...
Sagitarianos são impulsivos e muito amorosos! Precisam do mundo... e buscam lugares estratégicos e pessoas especiais para se alojarem!
Olha! 2.010 está aí... Espero encontrar duas mil e poucas maneiras de chegar em algum lugar!
Te ligo de lá, pra você me contar como anda perder-se e encontrar-se também!
Fique bem...
Day=)
Ps.: Será que nossas amigas ainda lêem nosso blog? hehe
Beijo!

11.12.09

Colocar Título

As vezes é melhor que seja assim de supresa. É tudo tão rápido. Arruma a mala e volta. Sem despedidas. Só escuto você passando de sunga. Abro os olhos perdida. Não me lembro mais o que fazia aqui. Esqueci minha rotina. Almoço antes do café e troco o jantar por uma prato de delírio. As luzes se acedem e fico no escuro. Não me vejo mais. Esqueço como procurar. Intercalo andar e parar. Encerrei 4 anos, agora vou voar. Sonhar todos os dias quando acordar. Tomar Sol quando dormir. Transformar o medo em vontade de ficar. Fazer fora de ordem, porque no fim sou eu quem vai montar. Estranho seria entender o tempo todo. Eu fico e mudo até ter que voltar.

22.10.09

feliz

De repente... mais que de repente, fica aquela sensação gostosa de chuva de verão sem muita explicação... água pra refrescar o asfalto seco e suavizar o calor da alta temperatura de dias ruins (quase infernais) de um passado longínquo!
Ai ai, esperei tanto.
A fase antiga foi tão doída.
Dor de não poder salvar a minha alegria e o meu amor do sopro da ilusão. Sentimentos perto de um suicídio cometido por quem não sabia mais a melhor forma de viver.
Era tudo tão árido, escuro... fechado de afetos.
Era o deserto por saber ser só na mais forte e desgastante solidão.
Eu vi o mar chorar naqueles dias.
O carnaval foi um desespero enfeitado de confetes e serpentinas suadas por minhas lágrimas.
Eu não reconhecia ninguém. Não reconhecia a minha vida dentro de mim.
Escondia-me atrás de letras de músicas, que pudessem mudar o tom do meu grito mudo... enquanto eu permanecia aprisionada na falta de luz do meu quarto infinitamente grande para a minha pequenez em compreender todo aquele pesadelo.
Agora, hoje, estou assim... levito na outra apresentada nos meus gestos inéditos, solenes ao prazer de sentir um novo gosto nestes dias tão meus.
Nem menina, mais mulher! Cheguei até aqui porque continuei acreditando na graça de viver ao outro e aos meus desejos de amar e ser e amar...
Por tudo isso, queria dizer a todos os meus amigos: espero tê-los no meu mais terno carinho sempre... sou um pouco de vocês, garantias de refúgio sincero... os vossos olhos foram a minha esperança e o meu resignar-me em simplesmente não desistir de ser feliz!

16.10.09

A gente evolui

A gente um dia evolui. Ainda não consigo acordar cedo e achar legal. Ainda não consigo ter uma rotina diária de exercícios. Ainda não plantei e vi nascer uma árvore. Ainda não tenho casa própria. Ainda não consigo entender algumas despedidas. Não consigo ser ser só sua amiga. Não consigo entender tudo sobre as novas tecnologias. Ainda acho triste não saber o que você esta fazendo da vida. Ainda não consigo comer comida japonesa. Ainda não consigo me entregar sem ter um pé atrás. Ainda não consigo andar de bicicleta. Ainda não consigo desenhar. Ainda não consigo parar de fumar. Mas ja consegui parar de roer as unhas. Um dia a gente evolui.

10.10.09

o vestido branco

Acordei de madrugada desejando ter um vestido branco. E seria de gaze. Era um desejo intenso e lúcido. Acho que era a minha inocência que nunca parou. Alguns, bem sei, já até me disseram, me acham perigosa. Mas também sou inocente. A vontade de me vestir de branco foi o que me salvou. Sei, e talvez só eu e alguns saibam, que se tenho perigo tenho também uma pureza. E ela só é perigosa para quem tem perigo dentro de si. A pureza de quem falo é límpida: até as coisas ruins a gente aceita. E têm um gosto de vestido branco de gaze. Talvez eu nunca venha a tê-lo, mas é como se tivesse, de tal modo se aprende a viver com o que tanto falta. Também quero um vestido preto porque me deixa mais clara e faz a minha pureza sobressair. É mesmo pureza? O que é primitivo é pureza. O que é espontâneo é pureza. O que é ruim é pureza? Não sei, sei que às vezes a raiz do que é ruim é uma pureza que não pôde ser.

Acordei de madrugada com tanta intensidade por um vestido branco de gaze, que abri meu guarda-roupa. Tinha um branco, de pano grosso e decote arredondado. Grossura é pureza? Uma coisa sei: amor, por mais violento, é.

E eis que de repente agora mesmo vi que não sou pura.

["A descoberta do mundo", Clarice Lispector; p. 82 ]



[imagem: por Ciça Maria]

6.10.09

partida



Para Leleca


Ah, Malte, nós nos vamos, e me parece que todos
estão distraídos e atarefados e não atentos o bas-
tante quando nos vamos. Como se houvesse uma
estrela cadente e ninguém a visse, ninguém tivesse
formulado um desejo. Nunca esqueça de formular
um desejo, Malte. Nunca renunciar aos desejos. Eu
acho que não há realizações, mas desejos que du-
ram muito tempo, a vida toda, tanto que não po-
deríamos esperar que se realizassem.


Rainer Maria Rilke


21.9.09

bicho do mato

Hoje eu tô bicho do mato
Quero ficar só
Meu tempo o tempo todo
Sigo cada passo devagar
Sandália de dedo
Telefone que não toque
Tenho alguma coisa para dizer, mas hoje não
Som que escuto é silêncio bom
Saudade de cada canto da sala
Porta fechada
Mundo de fora trancado aqui dentro
Você não vai entender
Você vai duvidar
Mas é só isso
Hoje eu só quero ficar só
Fone de ouvido na cabeça
Milhões de coisas para pensar
Quarto quadrado, caneta e papel na mesa
Tudo me esperando
Nesse silêncio escuto tudo
Cada virada de página
Vento batendo na janela
Amor de vizinho, escuto tudo
Não sei quanto tempo mais fico por aqui
Não me sinto só, estou bem acompanhada
Espero a hora
Vem me buscar
Vem me lembrar que tudo volta
(Fernanda Porto)

16.9.09

dois



O convite veio à meia-luz. Não consegui resistir. Havia um plano em comum. Você conjecturou um sequestro relâmpago, mas meu sorriso não me deixava ser vítima. Tudo ao redor estava fora de um bom cenário de estreia. Então, resolvemos fugir logo. Ir para um lugar perto da sensação de abismo da primeira vez de um casal. Nossa primeira noite não poderia ser diferente do encontro de duas pessoas que pouco se conheciam, mesmo com toda ardência presente no nervosismo do coração acelerado e das pernas trêmulas. Eu fiquei rendida para um sumiço, para algo apagado de outros. Você olhava pra mim como se me percebesse pela primeira vez. Nunca pensamos em sentir algo tão próximo. Era tudo perfeito, porque nossos defeitos foram superados e as virtudes criavam um pacto de infinitude naquelas horas levitantes. Você acelerou o carro e eu não pude deixar de pensar: quando iremos nos apaixonar?

13.9.09

sei lá...

"Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus..."
(Poema de sete faces, Carlos Drummond de Andrade)
Eu cansei por hoje.
Não, não pense que estou assinando um atestado de desistência. Não, não vem ao caso tanto radicalismo. Só cansei da falta de garantias. Nem toda a intuição do mundo poderia garantir um passo firme. Não sei como será lá... adiante.
Estou em dias bipolares.
Acordo presa na vontade de desejos mirabolantes e durmo na vaga sensação de ser nada.
Tenho morrido de saudades. Tenho pisado passos vertiginosos.
Não sei explicar... mas, é como se algo tivesse fora do lugar. Não encontro uma lógica. A engenharia do meu pensamento não se organiza como antes.
Ando esquecendo os gostos de alguns afetos. Perdi a noção da cor verdadeira dos desamores (isso é bom!). Tenho percebido o barulho da chuva desviada pelos carros da minha rua. Ando ofendida com a indecisão do outro. O gosto do sorvete de creme ficou sem graça. Não escuto mais as mesmas bandas. Ando aceitando elogios. Voltei a procurar alguns amigos antigos. Tenho medo da próxima ilusão...
...
Sim, a lista poderia ser imensa com todas as coisas pitorescas ao meu redor. Escrevê-las aqui é tentar botar ordem no meu caos interior.
E agora, qual é o próximo passo?
Acendo um cigarro?
.
.
.
.
Neste exato momento, quase deletei tudo aqui...
.
.
.
(Então, termino com esse parênteses... porque hoje não nego nada... o mundo todo não bastaria... Ando aberta para obras!!!!!!!!!!)

10.9.09

CaPiTaL LeTtEr

Cansei da sua bibliografia. Cansei da sua madrugada de olhos abertos para letras minúsculas. Não vê que há mais pra ver? Não sei aonde está a sua vida porque faz tempo que vc não a usa. É tudo o que você tem. Por que não fica em Caps Lock? Maiúscula por um tempo. Talvez possa enxergar mais além do que a sua bibliografia. Por que não dorme um pouco e deixa de lado as olheiras? Parece que gosta das olheiras, sei lá. Elas sempre se confundem com o inchaço dos olhos do choro da noite anterior. Eu sempre olho e digo: Pô, mas você chorou ou não dormiu? A resposta, sempre a mesma: Os dois. Se você é assim, então posso te dar um livro novo. Aliás, acho que escreverei esse livro: CAPS LOCK. Só pra eu lembrar de apertar essa tecla mais vezes na vida. E você também. Vamos enfeitar as letras maiúsculas dos começos dos parágrafos!! Sabe, fazer aquele monte de desenhos e voltinhas ou pontas e traços alongados...hehe. Vida na vida.

4.9.09

Caixa de Saída

Quando te vi sentado com as mãos na cabeça e de cabeça baixa, emocionei! Nem faz tanto tempo que eu não te vejo, semana passada mesmo sonhei com você. O desejo é tanto que roou todas minhas unhas, corto as do pé e te mando uma mensagem.
Caixa de sáida (1)
Acabei de te ver sentado na rua. Deu saudades, Bjos.

Você não me viu . Isso faz com que eu crie fantasias. Como teria sido nosso oi, nosso abraço, nosso beijo, nosso depois.
Parece que voltei aos meus 16 anos, não consigo dormir. Estou desesperada por uma mensagem sua, um alô, uma resposta, um Também estou com Saudades!! É porque assim eu posso rebater.
Caixa de saída (2)
Vem para casa depois das gravações, estou te esperando acordada.

10.8.09

Eu deveria me encontrar mais com o Mar


Eu deveria me encontrar mais com o Mar
Deveria me encontrar mais com o Samba.
Deveria deitar e não pensar.
Deveria repetir mais vezes.
Hoje, minha primeira cerveja foi as três da tarde.
Hoje deveria perceber que sou menos forte do que gostaria.
Hoje deveria ter começado mais cedo.
Eu deveria te odiar.
Odiaria odiar .
A noite confiscaram meu cigarro.
Teu cheiro se misturava com o fumacê lá de fora.
Longe.
Eu mal podia chegar meu cheiro perto do seu e misturar.
Eu não deveria.
Não deveria te desejar.
Não deveria te agarrar.
Não deveria ter que controlar.
Eu deveria é mais me encontrar com o Mar.

Foto: Ilha Bela- março/08

21.7.09

grito para você viver mais

Não sei quando foi a nossa última conversa. Talvez, tenha sido num verão chuvoso. Daqueles que ficávamos horas trocando prosas. Esquecíamos de nós mesmas, até, porque queríamos uma identidade além. Nossos diálogos eram fontes de sobrevivência. Assim... você aprendeu a ler pensamentos, sua forma de entender o outro... e eu, sempre ávida por cavocar a profundidade do Ser, para chegar num tempo/espaço intransponível, fugia de mim. Por isso e mais um pouco, a nossa amizade valia ouro. Intocável. Coisas de outro mundo. Outro Universo. Mas, depois, descobrimos que o tempo desgasta e maltrata as diferenças de pessoas que moram em margens diferentes do rio. Não conseguimos achar a nossa terceira margem do rio, amiga. Ficamos míopes de nós duas. As diferenças venceram. Você... lá. Eu... cá. Está me vendo? Eu ainda sinto... nosso velho amor, guardado no baú da memória perdida nas ondas que vão desembocar na beira mar... daquela amizade in finita.

15.6.09

TUDO






Eu elaborei mil frases para falar quando te encontrasse. Frases na ordem direta, na ordem indireta, com sujeito oculto, indeterminado. Mil assuntos, duas mil perguntas, muitas combinações para não parecer decorado.
__ Oi, tudo bem ?
__ TUDO.

Você passou e eu fui até o banheiro.

13.6.09

Brownie Amor



http://brownieamor.wordpress.com

19.5.09

Aberto para Obras



Foto: Maria Claudia Machado

18.4.09

...


" Estava com bolhas nos pés da exaustiva caminhada, quando tive a brilhante idéia, passei num brécho, comprei uma par de asas, desde então timidamente mas com grande ânsia de ganhar as alturas, estou apredendo a voar."

16.4.09


Gostaria de compartilhar meu momento de euforia...

Passei por desafios, apresentei-me em publico,

disse o que me dediquei por um ano,

recebi criticas e elogios.

Como é bom superar os medos e a insegurança, ainda mais quando

termina em vinho emItálico Montevideo e um descanso na plaza de Mayo.

Depois veio a Banca final, onde o fim não chegou, um novo começo esta por vir...

Já tracei o meu caminho, mas vim aqui dizer que a minha rua passa pela rua de vocês.

um beijo com sabor de Cabernet Sauvignon.....

encende el faro !!!
ps: Esta foto é de Colonia-Uuguai, um lugar que selecionaria para passar horas conversando com vocês.




5.4.09

Estranho Estranha

Minha cabeça queima
Meu corpo inteiro coça
Eu não caibo mais nessa cama.

Meu coração tem pressa
Meus pés, caimbra
Eu não caibo mais nessa cama.

Meus olhos ardem
Minha garganta seca
Eu não caibo mais nessa cama.

Eu canso.
Noite estranha.

31.3.09

...

Eu teria agora uma trilha sonora erudita: Debussy. Debussy e seu som romântico de um piano que me conduz até o infinito do céu e depois me tomba no chão em milésimos de segundos. Eu ouço a música sentada no banco e escrevendo o que quer que seja o que é isso aqui e sinto vontade de chorar. Porque hoje eu não consegui olhar as plantas, nem as flores, hoje eu não consegui sorrir, hoje eu consegui escrever. Eu sinto pequenas cócegas de quando em quando; são as formigas que me sobem, que me fazem perceber que eu estou viva. Hoje eu morri um pouco. Amanhã eu renasço outra vez, quem sabe. Amanhã minha cabeça não dói, amanhã eu não estarei despida. Me roubaram o corpo, sugaram o meu bem. Sobrou o meu mal, das lágrimas que resolvem por alguns instantes e me trazem a mim. Pra eu sentir. Me sentir. Hoje eu não sou eu. Quero o meu corpo de volta pra eu poder mostrá-lo só quando eu quiser. Há coisas que só se entende ao amar. Há coisas que só doem porque se ama. Algumas coisas só podem ser compartilhadas com o seu amor.Meu corpo é uma delas, alguns sorrisos também, algumas palavras, um certo tom de voz. Por isso hoje eu só quero a música, só cantar, que é o que eu mais gosto de fazer, pra ver se me ajuda a renascer um pouquinho.

1.3.09

Eu só queria sentir teu abraço forte. Queria só sentir teu colo quente, teus beijos doces. Só queria que me fizesse um jantar.Queria só poder falar com você das minhas angústias, dos meus medos. Só queria ficar do seu lado em silêncio. Queria só te observar dormindo. Só queria dormir com você. Acordar com você. Eu só queria que você existisse. Só por esta noite, ou só até amanhã de manhã.


*quadro do Museo Nacional de Belas Artes de Buenos Aires

26.2.09

anti- romance

As luzes se apagaram. Faltou luz.

As velas se apagaram. Batia vento.

Na caixa de música, colocaram rock n’ roll. Não podiam dançar juntinhos.

As flores estavam murchas.

Ninguém decorou um poema.

Mas eles queriam um ao outro.

E o momento foi mais completo.

Do que nunca.


(só pra deixar o fim de carnaval mais romântico...)

25.2.09

uma poesia da chuva de quarta-feira de cinzas (ou uma poesia sem rima)

Chove
Chove chuva
Molha a quarta-feira de cinzas

As cinzas da alegria dos confetes, serpentinas, fantasias e marchinhas

Chove
Chove chuva
O Carnaval passou
Ninguém vai reclamar

Chove
Chove chuva
Renova a cara do ano que precisa começar
Traz esperanças nos seus pingos

Leva o choro bandido do Pierrot pela Colombina

Chove chuva
Assim, disfarço as minhas lágrimas
Lavo a alma
E me despeço do que já passou...

14.2.09

Chico a Chiqueiro

Noite de Lua cheia. Não era na verdade. Quero que seja. Posso querer. Quero tantas coisas. Quero ver seus olhos verdes cruzarem o meu, mas infinitas mesas aglomeradas dificultam o tete a tete. Quero acender um cigarro mas não pode fazer fumaça. Quero beber mas é proibido circularem garçons entre as mesas. Quero berrar LINDOOOO. Berro. Berro. E berro quantas vezes eu que quiser. A voz sai como se quisesse dizer muitas coisas mas só consigo lindo. È lindo mesmo. Entra cantando. Encanta. Aglomeração. Pressão. Fila. Busão. Superado. Alcançado. Chico canta. Timidamente canta. Sai cantando pra não voltar. Só mais uma vez. Divido a dor do fim. Acabou. Passou. Luzes acesas. Rio apagado. Noite quente. Vamos sair e ver o dia clarear. È como voltar ao mundo real. Real. Cruel. Mas engraçado. Excursão. Espera. Cigarro. Gargalhadas. Silencio. Madrugada a dentro. Ônibus lotado. Som ambientado.Santo Amaro. Coca. Sequilho. Balança. Anda anda e não chega. Perdidos. Centro. Palavras. Silabas. Musica. A vida não pode esperar. Corações e mentes apertados por quinze conto. Preço. Mas a Lua cheia não tem preço. Ilumina. Esquenta. Ladeira não sobe. Dançar. Descabelar. Dançar. Suar. Sem vergonha. Sem contenção. Olhos ardidos. Boca Seca. Fumacê. Jorge, Fogo Encantado, Tim, Trash 80. Madrugada se vai. Vai Vai,não vai. Mais gente quer entrar. Entra e sai. Carregar energias. Comer. Degustar. Augusta de esquina. Falar. Falar. Terminar de gargalhar. Gargalhar sem pausar. Piadas espontâneas. Cordialidade. Rapidez. Uma. Duas. Três. Coxinhas sem parar. Coca pra rematar. Minas no cheiro. Sai pão de queijo. Resistência. Posso levar? Devoradores na noite. Noite devoradora. Surpreendente.Difícil levantar. Levantar e continuar. Seguir como Rio. Correnteza passa. Rio calmo. Barca sentido casa. Devemos pegar. Correr. Embarcar. Despedida. Abraço apertado. Cada um pra um. Lado. Lado a Lado. Boa noite. Bom dia. Luz do amanhecer. Lua apagada. Embaçada. Quero assim. Querer chegar. O picadeiro se desfaz. Casa. Ultimo trago. Corpo cansado. Coração acalentado. Ultimo cigarro. Cama. Sábado marcado. Indescritível descritível.Olhos fechados. Domingo atarefado.Chico a Chiqueiro. Se não fosse assim. Nada. Ponto final. Fim. Ultimo suspirar.LINDOOOOOOOO!Calar.

12.2.09

AMOR


" O ser busca o outro, e ao conhecê-lo
acha razão de ser, já dividido.
São dois em um: amor, sublime selo
que á vida imprime cor, graça e sentido"
Carlos Drummond de Andrade

** nega!!! perto de nossos corações.

11.2.09

carreira solo

Meninas,
Resolvi acender um novo farol numa praia deserta e desconhecida.
Depois desses meses de trocas intensas por aqui, tomei coragem de atracar o meu barco num lugar mais meu. Criei um blog particular.
É estranho. Dá medo.
Temo as ventanias ou ressacas do mar. Afinal, acho que um farol sozinho tem menos brilho! E por aqui, tantas luzes juntas dão essa cara de fogos de artifício em noite de Ano novo.
O aconchego da amizade deixa a possibilidade do erro mais distante. Nesse bloco virtual, sem regras, com tantos sons, cores e formas diferentes, me permiti sem temer.
Ainda assim, correrei o risco da busca por um caminho solitário. Atraquei o meu barco em águas perto de um jardim.
E, quero pedir que me visitem. Pois, saibam, este passo foi graças ao nosso "Acende o farol". Tamanha ousadia nasceu depois de dividir esse espaço com vocês.
Acendam seus faróis por lá, onde as rosas não falam e tentam criar sentidos nas palavras escritas. Não falam, porém, não querem preservar a mudez... pelo desejo de dar voz à emoção através da grafia. Iluminem as minhas palavras, se sentirem algum murmúrio ecoar (e o contrário, também)!
Deixo aqui o convite.

Um beijo,

Day

O Baile

A dança me toca como poucas coisas. Eu me entrego.
Talvez porque a dança seja momento e meu corpo consiga viver esses momentos com a alma. Tudo em mim vive de forma completa.
Com a dança fico livre, vulnerável, e tudo em mim aflora com uma harmonia sem sentido.

Com as palavras tento entender o mundo, com a dança faço parte dele.
Com meus questionamentos quero transformar o mundo, mas quando danço quero aceitá-lo.
Ao escolher as palavras escondo os meus medos. Ao dançar me arrisco.

Sou tudo aquilo que dança, simplesmente. Então o corpo pode compreender e ser, ao mesmo tempo.

9.2.09

O poema do impulso

Se não der, tudo bem
Vou vivendo até o dia do não
Desejando que esse dia nunca chegue
Vou vivendo o sim
dia-a-dia
O sim: eu quero estar aqui e agora
Vou vivendo com o coração levinho e flutuante
Voador
Com a aura colorida
Dourada, laranja, cor-de-rosa
Vou vivendo e vendo a sua cor
O seu azul
O meu amarelo
O nosso verde
O verde cor das plantas que você tanto gosta
A cor dos meus olhos
Não sei se tenho cor favorita
Mas ando gostando muito de verde
É. Verde é bonito.
Me lembra mato,
Que me lembra chuva
Que me lembra cheiro
Dos cinco sentidos esse é o que mais gosto
O olfato
Eu imagino cheiros de longe
E os sinto
Aqui perto, todo dia
Eu gosto do sim, então
Se não der, tudo bem
Há muitas cores lindas pra se gostar

7.2.09

Junto Misturado

Poderia te achar sacana. Tipo aqueles homens sem coração, sem escrupúlos. Mas só te acho leal, sinsero, a última bolacha do pacote. Acho que posso dizer isso sem correr o risco de que se ache pretencioso. Sabe aquele pacote de Bono que se devora junto com a sessão da tarde? E quando chega a última você não quer comer para não ficar com o gostinho do fim na boca, para não perder toda aquele tarde de prazer mastigada aos poucos. Não quero perder tudo que ja foi construído, digerido. Mas não resisti e comi a última bolacha. Tenha paciência, porque aqui dentro tudo se mistura.

30.1.09

Sampa

Dia 25 ela faz anos, mas ainda não sei onde será a festa. Faz três anos e sete meses que nos conhecemos, quase um mês que não nos encontramos, depois de praticamente o ano todo de convívio intenso. Não sei como será nosso reencontro, na verdade, nem deu para sentir saudades. Me ausentei quase um mês não porque brigamos, era só porque precisa de um tempo sozinha. Ela já não me deixava mais pensar, respirar, andar, sentir. Tava indo atrás dela sem propósito.
Mas é com ela que aprendo a me conhecer cada vez mais, que amei com muita força, que dançei sem pensar no manhã, que trabalhei de verdade, que chorei sozinha sem mais ningúem para me consolar, só ela, somente ela.
Ao nos cruzarmos denovo, meu coração acelerou, fiquei doente, de cama. Ainda preciso do seu caos, do seu calor de asfalto, do seu ritmo frenético, da sua frieza, da suas formas concretas, não concretas, do seu café preto que desce pela garganta com gosto de rotina, do seu colo nas noites de muito frio pelas avenidas largas.
Ela é assim, nunca será de ningúem porém eu não sei viver sem e fim.
Maria Claudia Machado

27.1.09

Portal dos Sonhos

Abrirei as portas dos sonhos
recomeçarei tudo de novo
relerei Alice no País das Maravilhas
pegarei o Yellow Submarine
e visitarei Penny Lane
brincarei com o espantalho e o homem de lata

Ta aí, uma boa viagem
Ta aí, uma longa viagem
Ta aí, uma louca viagem

Abrirei as portas dos sonhos
recomeçarei tudo de novo
relerei As Reinações da Narizinho
voarei num objeto não identificado
e visitarei Mr. Apple
caetanaves de um carnaval maluco beleza

Vai, bate no tambor
vem viver a simplicidade

-Cérebro Eletrônico
Composição: Tatá Aeroplano-

*ouvi essa música e lembrei de muita gente...

deu vontade de comprar um balão de São João e levá-las pra passear comigo...
**Ah! não encontrei um vídeo pra postar aqui, mas, se puderem, ouçam... essa música é linda...

26.1.09

Descobertas

Algo existe

Algo existe num dia de verão,
No lento apagar de suas chamas,
Que me impele a ser solene.
Algo, num meio-dia de verão,
Uma fundura - um azul - uma fragrância,
Que o êxtase transcende.
Há, também, numa noite de verão,
Algo tão brilhante e arrebatador
Que só para ver aplaudo -
E escondo minha face inquisidora
Receando que um encanto assim tão tremulo
E sutil, de mim se escape.

Emily Dickinson

/Descobri essa poetisa um dia desses, através de um amigo pra lá de especial...
Sabe aquela pessoa, que entra nas nossas vidas e dá alvará pra sermos nós mesmos?!
(...) Encontros sem hora marcada ou propósitos e que vale pela graça do afeto gratuito e sincero (...)
Assim, ele disse que eu precisava conhecer essa escritora. Porque, lembrava muito a minha maneira de pensar e sentir a vida. E, cá estou... Conhecendo as poesias dela. Realmente, cheias de força, verdade e beleza.
Por isso, ando me libertando...
É...
Amigos e poesia libertam...\

17.1.09

Um dia chuvoso

Eu não compreendo. O sentimento todo é maior do que eu, e eu pareço que tenho medo do escuro. Eu tenho medo de ligações, eu tenho medo das não-ligações. Eu não consigo falar e pior, eu não consigo ouvir. As palavras doces soam como músicas antigas que eu costumava gostar tanto e não gosto mais. Eu não decifro as caras, eu não decifro adjetivos, não sei se bons ou ruins. Eu não decifro as minhas próprias caras e nem minhas palavras. Eu não as acho. Eu não decifro o que sinto. Eu não sei o que dizer.Quando digo, me arrependo, depois me arrependo de não ter dito mais. Não estou compreendendo o que é gostar e ser gostada. Não sei se há necessidade. Mas eu sinto saudade. A Clarice dizia que não deveríamos nos preocupar em entender porque viver ultrapassa qualquer entendimento. E que deveríamos mergulhar naquilo que não conhecemos. Só tomara que tenha água mesmo e não concreto quando eu decidir mergulhar. Nada disso me tira o sono ou me faz chorar, não, mas me faz pensar, analisar, refletir um pouco mais, ver até que ponto eu consigo fazer isso, acompanhar até aonde a gente consegue chegar. Racionalizar às vezes tira a graça das coisas, mas não estou conseguindo não calcular a potência do porvir...Quem sabe um dia desses eu dou um impulso e vou, pulo. Isso deve acontecer no mesmo dia em que tudo parecer claro, como num dia branco. Com um pequeno arco-íris, claro, depois de um dia chuvoso.

5.1.09

três

Três horas da manhã.
Bom tempo para terminar uma conversa longa sem soberbas.
Três de janeiro.
Chuva de verão caía.
Latinhas de cerveja vazias. Um cinzeiro abarrotado. Bitucas na proporção das revelações, daquela conversa entre as três amigas.
Três pontos de vistas. Argumentação calorosa.
Tentativas de desentendimentos não as agrediam.
Uma discussão, mas, pouco medo da ferida. Da dor de uma palavra ardida.
Falaram quase tudo, naquela mesa circular... no breu da madrugada.
Três horas da manhã.
Despediram-se.
E, deram o último gole do próprio silêncio depois de tanto som de tal conversa desmedida.