30.1.09

Sampa

Dia 25 ela faz anos, mas ainda não sei onde será a festa. Faz três anos e sete meses que nos conhecemos, quase um mês que não nos encontramos, depois de praticamente o ano todo de convívio intenso. Não sei como será nosso reencontro, na verdade, nem deu para sentir saudades. Me ausentei quase um mês não porque brigamos, era só porque precisa de um tempo sozinha. Ela já não me deixava mais pensar, respirar, andar, sentir. Tava indo atrás dela sem propósito.
Mas é com ela que aprendo a me conhecer cada vez mais, que amei com muita força, que dançei sem pensar no manhã, que trabalhei de verdade, que chorei sozinha sem mais ningúem para me consolar, só ela, somente ela.
Ao nos cruzarmos denovo, meu coração acelerou, fiquei doente, de cama. Ainda preciso do seu caos, do seu calor de asfalto, do seu ritmo frenético, da sua frieza, da suas formas concretas, não concretas, do seu café preto que desce pela garganta com gosto de rotina, do seu colo nas noites de muito frio pelas avenidas largas.
Ela é assim, nunca será de ningúem porém eu não sei viver sem e fim.
Maria Claudia Machado

27.1.09

Portal dos Sonhos

Abrirei as portas dos sonhos
recomeçarei tudo de novo
relerei Alice no País das Maravilhas
pegarei o Yellow Submarine
e visitarei Penny Lane
brincarei com o espantalho e o homem de lata

Ta aí, uma boa viagem
Ta aí, uma longa viagem
Ta aí, uma louca viagem

Abrirei as portas dos sonhos
recomeçarei tudo de novo
relerei As Reinações da Narizinho
voarei num objeto não identificado
e visitarei Mr. Apple
caetanaves de um carnaval maluco beleza

Vai, bate no tambor
vem viver a simplicidade

-Cérebro Eletrônico
Composição: Tatá Aeroplano-

*ouvi essa música e lembrei de muita gente...

deu vontade de comprar um balão de São João e levá-las pra passear comigo...
**Ah! não encontrei um vídeo pra postar aqui, mas, se puderem, ouçam... essa música é linda...

26.1.09

Descobertas

Algo existe

Algo existe num dia de verão,
No lento apagar de suas chamas,
Que me impele a ser solene.
Algo, num meio-dia de verão,
Uma fundura - um azul - uma fragrância,
Que o êxtase transcende.
Há, também, numa noite de verão,
Algo tão brilhante e arrebatador
Que só para ver aplaudo -
E escondo minha face inquisidora
Receando que um encanto assim tão tremulo
E sutil, de mim se escape.

Emily Dickinson

/Descobri essa poetisa um dia desses, através de um amigo pra lá de especial...
Sabe aquela pessoa, que entra nas nossas vidas e dá alvará pra sermos nós mesmos?!
(...) Encontros sem hora marcada ou propósitos e que vale pela graça do afeto gratuito e sincero (...)
Assim, ele disse que eu precisava conhecer essa escritora. Porque, lembrava muito a minha maneira de pensar e sentir a vida. E, cá estou... Conhecendo as poesias dela. Realmente, cheias de força, verdade e beleza.
Por isso, ando me libertando...
É...
Amigos e poesia libertam...\

17.1.09

Um dia chuvoso

Eu não compreendo. O sentimento todo é maior do que eu, e eu pareço que tenho medo do escuro. Eu tenho medo de ligações, eu tenho medo das não-ligações. Eu não consigo falar e pior, eu não consigo ouvir. As palavras doces soam como músicas antigas que eu costumava gostar tanto e não gosto mais. Eu não decifro as caras, eu não decifro adjetivos, não sei se bons ou ruins. Eu não decifro as minhas próprias caras e nem minhas palavras. Eu não as acho. Eu não decifro o que sinto. Eu não sei o que dizer.Quando digo, me arrependo, depois me arrependo de não ter dito mais. Não estou compreendendo o que é gostar e ser gostada. Não sei se há necessidade. Mas eu sinto saudade. A Clarice dizia que não deveríamos nos preocupar em entender porque viver ultrapassa qualquer entendimento. E que deveríamos mergulhar naquilo que não conhecemos. Só tomara que tenha água mesmo e não concreto quando eu decidir mergulhar. Nada disso me tira o sono ou me faz chorar, não, mas me faz pensar, analisar, refletir um pouco mais, ver até que ponto eu consigo fazer isso, acompanhar até aonde a gente consegue chegar. Racionalizar às vezes tira a graça das coisas, mas não estou conseguindo não calcular a potência do porvir...Quem sabe um dia desses eu dou um impulso e vou, pulo. Isso deve acontecer no mesmo dia em que tudo parecer claro, como num dia branco. Com um pequeno arco-íris, claro, depois de um dia chuvoso.

5.1.09

três

Três horas da manhã.
Bom tempo para terminar uma conversa longa sem soberbas.
Três de janeiro.
Chuva de verão caía.
Latinhas de cerveja vazias. Um cinzeiro abarrotado. Bitucas na proporção das revelações, daquela conversa entre as três amigas.
Três pontos de vistas. Argumentação calorosa.
Tentativas de desentendimentos não as agrediam.
Uma discussão, mas, pouco medo da ferida. Da dor de uma palavra ardida.
Falaram quase tudo, naquela mesa circular... no breu da madrugada.
Três horas da manhã.
Despediram-se.
E, deram o último gole do próprio silêncio depois de tanto som de tal conversa desmedida.