17.1.09

Um dia chuvoso

Eu não compreendo. O sentimento todo é maior do que eu, e eu pareço que tenho medo do escuro. Eu tenho medo de ligações, eu tenho medo das não-ligações. Eu não consigo falar e pior, eu não consigo ouvir. As palavras doces soam como músicas antigas que eu costumava gostar tanto e não gosto mais. Eu não decifro as caras, eu não decifro adjetivos, não sei se bons ou ruins. Eu não decifro as minhas próprias caras e nem minhas palavras. Eu não as acho. Eu não decifro o que sinto. Eu não sei o que dizer.Quando digo, me arrependo, depois me arrependo de não ter dito mais. Não estou compreendendo o que é gostar e ser gostada. Não sei se há necessidade. Mas eu sinto saudade. A Clarice dizia que não deveríamos nos preocupar em entender porque viver ultrapassa qualquer entendimento. E que deveríamos mergulhar naquilo que não conhecemos. Só tomara que tenha água mesmo e não concreto quando eu decidir mergulhar. Nada disso me tira o sono ou me faz chorar, não, mas me faz pensar, analisar, refletir um pouco mais, ver até que ponto eu consigo fazer isso, acompanhar até aonde a gente consegue chegar. Racionalizar às vezes tira a graça das coisas, mas não estou conseguindo não calcular a potência do porvir...Quem sabe um dia desses eu dou um impulso e vou, pulo. Isso deve acontecer no mesmo dia em que tudo parecer claro, como num dia branco. Com um pequeno arco-íris, claro, depois de um dia chuvoso.

7 comentários:

Maria Claudia disse...

Linda,
entendo todos os "não sei", mas nunca deixe de sentir.
bjos, maria.

Aline Lourena disse...

abro o guarda-chuva
em dia de chuva

como bolinhos de chuva
em dia de chuva

presas a janela
pontinhos

algumas não aguentam
se suicidam.

mais tarde.
tudo seco
para um outro
recomeço.

então
procuro
cadê meu guarda-sol ?

Day Rodrigues disse...

-Chuva interior-

Quando saia de casa
percebeu que a chuva
soletrava
uma palavra sem nexo
na pedra da calçada.

Não percebeu
que percebia
que a chuva que chovia
não chovia
na rua por onde
andava.

Era a chuva
que trazia
de dentro de sua casa;
era a chuva
que molhava
o seu silêncio
molhado
na pedra que carregava.

Um silêncio
feito mina,
explosivo sem palavra,
quase um fio de conversa
no seu nexo de rotina
em cada esquina
que dobrava.

Fora de casa,
seco na calçada,
percebeu que percebia
no auge de sua raiva
que a chuva não mais chovia
nas águas que imaginava.


(Mario Chamie)

...

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Day Rodrigues disse...

Como falei pra vc, adoro este mês.
Mas, os primeiros 25 dias de 2009 foram de pouco sol e mais chuva... aquela chuvinha que molha por dentro a secura das tristezas e angústias não compreendidas... e, não sei o que aconteceu, mas, as tardes foram repletas de água também. Chuva interior e chuva fora. Chuva que pede quietude... e, pede calma, paciência... porque, uma hora tudo se acalma. E, o que molhava por dentro se perde nas águas de fora. Tudo cessa. Um arco-íris ri e nada mais faz tanto sentido. Porque, é hora de guardar o guarda-chuva e seguir... carnaval está aí. Sem fantasias alguma alegria vai se mostrar... Precisamos criar nossa marchinha. Eu danço e você canta, combinado?! hehe

Unknown disse...

Muito bonito, fiquei curioso de saber o que vc estava escrevendo e achei esse blog. Gostaria de conversar, tudo de bom! Vitor

Jessica Blá disse...

olá! Obrigada pelo comentário. Bom vc me encontrar pois nunca esqueci do meu livro do Shakespeare, presente de irmã...queria poder reavê-lo em meio à conversa.Tudo de bom tbm.

Unknown disse...

Desculpa você esta certa, mas até que tentei reparar pelo menos esse erro, mas acho que vc se mudou né? A conversa seria importante para mim, quando você quizer.

vitorcaffaro@yahoo.com.br