26.2.09

anti- romance

As luzes se apagaram. Faltou luz.

As velas se apagaram. Batia vento.

Na caixa de música, colocaram rock n’ roll. Não podiam dançar juntinhos.

As flores estavam murchas.

Ninguém decorou um poema.

Mas eles queriam um ao outro.

E o momento foi mais completo.

Do que nunca.


(só pra deixar o fim de carnaval mais romântico...)

25.2.09

uma poesia da chuva de quarta-feira de cinzas (ou uma poesia sem rima)

Chove
Chove chuva
Molha a quarta-feira de cinzas

As cinzas da alegria dos confetes, serpentinas, fantasias e marchinhas

Chove
Chove chuva
O Carnaval passou
Ninguém vai reclamar

Chove
Chove chuva
Renova a cara do ano que precisa começar
Traz esperanças nos seus pingos

Leva o choro bandido do Pierrot pela Colombina

Chove chuva
Assim, disfarço as minhas lágrimas
Lavo a alma
E me despeço do que já passou...

14.2.09

Chico a Chiqueiro

Noite de Lua cheia. Não era na verdade. Quero que seja. Posso querer. Quero tantas coisas. Quero ver seus olhos verdes cruzarem o meu, mas infinitas mesas aglomeradas dificultam o tete a tete. Quero acender um cigarro mas não pode fazer fumaça. Quero beber mas é proibido circularem garçons entre as mesas. Quero berrar LINDOOOO. Berro. Berro. E berro quantas vezes eu que quiser. A voz sai como se quisesse dizer muitas coisas mas só consigo lindo. È lindo mesmo. Entra cantando. Encanta. Aglomeração. Pressão. Fila. Busão. Superado. Alcançado. Chico canta. Timidamente canta. Sai cantando pra não voltar. Só mais uma vez. Divido a dor do fim. Acabou. Passou. Luzes acesas. Rio apagado. Noite quente. Vamos sair e ver o dia clarear. È como voltar ao mundo real. Real. Cruel. Mas engraçado. Excursão. Espera. Cigarro. Gargalhadas. Silencio. Madrugada a dentro. Ônibus lotado. Som ambientado.Santo Amaro. Coca. Sequilho. Balança. Anda anda e não chega. Perdidos. Centro. Palavras. Silabas. Musica. A vida não pode esperar. Corações e mentes apertados por quinze conto. Preço. Mas a Lua cheia não tem preço. Ilumina. Esquenta. Ladeira não sobe. Dançar. Descabelar. Dançar. Suar. Sem vergonha. Sem contenção. Olhos ardidos. Boca Seca. Fumacê. Jorge, Fogo Encantado, Tim, Trash 80. Madrugada se vai. Vai Vai,não vai. Mais gente quer entrar. Entra e sai. Carregar energias. Comer. Degustar. Augusta de esquina. Falar. Falar. Terminar de gargalhar. Gargalhar sem pausar. Piadas espontâneas. Cordialidade. Rapidez. Uma. Duas. Três. Coxinhas sem parar. Coca pra rematar. Minas no cheiro. Sai pão de queijo. Resistência. Posso levar? Devoradores na noite. Noite devoradora. Surpreendente.Difícil levantar. Levantar e continuar. Seguir como Rio. Correnteza passa. Rio calmo. Barca sentido casa. Devemos pegar. Correr. Embarcar. Despedida. Abraço apertado. Cada um pra um. Lado. Lado a Lado. Boa noite. Bom dia. Luz do amanhecer. Lua apagada. Embaçada. Quero assim. Querer chegar. O picadeiro se desfaz. Casa. Ultimo trago. Corpo cansado. Coração acalentado. Ultimo cigarro. Cama. Sábado marcado. Indescritível descritível.Olhos fechados. Domingo atarefado.Chico a Chiqueiro. Se não fosse assim. Nada. Ponto final. Fim. Ultimo suspirar.LINDOOOOOOOO!Calar.

12.2.09

AMOR


" O ser busca o outro, e ao conhecê-lo
acha razão de ser, já dividido.
São dois em um: amor, sublime selo
que á vida imprime cor, graça e sentido"
Carlos Drummond de Andrade

** nega!!! perto de nossos corações.

11.2.09

carreira solo

Meninas,
Resolvi acender um novo farol numa praia deserta e desconhecida.
Depois desses meses de trocas intensas por aqui, tomei coragem de atracar o meu barco num lugar mais meu. Criei um blog particular.
É estranho. Dá medo.
Temo as ventanias ou ressacas do mar. Afinal, acho que um farol sozinho tem menos brilho! E por aqui, tantas luzes juntas dão essa cara de fogos de artifício em noite de Ano novo.
O aconchego da amizade deixa a possibilidade do erro mais distante. Nesse bloco virtual, sem regras, com tantos sons, cores e formas diferentes, me permiti sem temer.
Ainda assim, correrei o risco da busca por um caminho solitário. Atraquei o meu barco em águas perto de um jardim.
E, quero pedir que me visitem. Pois, saibam, este passo foi graças ao nosso "Acende o farol". Tamanha ousadia nasceu depois de dividir esse espaço com vocês.
Acendam seus faróis por lá, onde as rosas não falam e tentam criar sentidos nas palavras escritas. Não falam, porém, não querem preservar a mudez... pelo desejo de dar voz à emoção através da grafia. Iluminem as minhas palavras, se sentirem algum murmúrio ecoar (e o contrário, também)!
Deixo aqui o convite.

Um beijo,

Day

O Baile

A dança me toca como poucas coisas. Eu me entrego.
Talvez porque a dança seja momento e meu corpo consiga viver esses momentos com a alma. Tudo em mim vive de forma completa.
Com a dança fico livre, vulnerável, e tudo em mim aflora com uma harmonia sem sentido.

Com as palavras tento entender o mundo, com a dança faço parte dele.
Com meus questionamentos quero transformar o mundo, mas quando danço quero aceitá-lo.
Ao escolher as palavras escondo os meus medos. Ao dançar me arrisco.

Sou tudo aquilo que dança, simplesmente. Então o corpo pode compreender e ser, ao mesmo tempo.

9.2.09

O poema do impulso

Se não der, tudo bem
Vou vivendo até o dia do não
Desejando que esse dia nunca chegue
Vou vivendo o sim
dia-a-dia
O sim: eu quero estar aqui e agora
Vou vivendo com o coração levinho e flutuante
Voador
Com a aura colorida
Dourada, laranja, cor-de-rosa
Vou vivendo e vendo a sua cor
O seu azul
O meu amarelo
O nosso verde
O verde cor das plantas que você tanto gosta
A cor dos meus olhos
Não sei se tenho cor favorita
Mas ando gostando muito de verde
É. Verde é bonito.
Me lembra mato,
Que me lembra chuva
Que me lembra cheiro
Dos cinco sentidos esse é o que mais gosto
O olfato
Eu imagino cheiros de longe
E os sinto
Aqui perto, todo dia
Eu gosto do sim, então
Se não der, tudo bem
Há muitas cores lindas pra se gostar

7.2.09

Junto Misturado

Poderia te achar sacana. Tipo aqueles homens sem coração, sem escrupúlos. Mas só te acho leal, sinsero, a última bolacha do pacote. Acho que posso dizer isso sem correr o risco de que se ache pretencioso. Sabe aquele pacote de Bono que se devora junto com a sessão da tarde? E quando chega a última você não quer comer para não ficar com o gostinho do fim na boca, para não perder toda aquele tarde de prazer mastigada aos poucos. Não quero perder tudo que ja foi construído, digerido. Mas não resisti e comi a última bolacha. Tenha paciência, porque aqui dentro tudo se mistura.