31.3.09

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Eu teria agora uma trilha sonora erudita: Debussy. Debussy e seu som romântico de um piano que me conduz até o infinito do céu e depois me tomba no chão em milésimos de segundos. Eu ouço a música sentada no banco e escrevendo o que quer que seja o que é isso aqui e sinto vontade de chorar. Porque hoje eu não consegui olhar as plantas, nem as flores, hoje eu não consegui sorrir, hoje eu consegui escrever. Eu sinto pequenas cócegas de quando em quando; são as formigas que me sobem, que me fazem perceber que eu estou viva. Hoje eu morri um pouco. Amanhã eu renasço outra vez, quem sabe. Amanhã minha cabeça não dói, amanhã eu não estarei despida. Me roubaram o corpo, sugaram o meu bem. Sobrou o meu mal, das lágrimas que resolvem por alguns instantes e me trazem a mim. Pra eu sentir. Me sentir. Hoje eu não sou eu. Quero o meu corpo de volta pra eu poder mostrá-lo só quando eu quiser. Há coisas que só se entende ao amar. Há coisas que só doem porque se ama. Algumas coisas só podem ser compartilhadas com o seu amor.Meu corpo é uma delas, alguns sorrisos também, algumas palavras, um certo tom de voz. Por isso hoje eu só quero a música, só cantar, que é o que eu mais gosto de fazer, pra ver se me ajuda a renascer um pouquinho.

1.3.09

Eu só queria sentir teu abraço forte. Queria só sentir teu colo quente, teus beijos doces. Só queria que me fizesse um jantar.Queria só poder falar com você das minhas angústias, dos meus medos. Só queria ficar do seu lado em silêncio. Queria só te observar dormindo. Só queria dormir com você. Acordar com você. Eu só queria que você existisse. Só por esta noite, ou só até amanhã de manhã.


*quadro do Museo Nacional de Belas Artes de Buenos Aires