21.9.09

bicho do mato

Hoje eu tô bicho do mato
Quero ficar só
Meu tempo o tempo todo
Sigo cada passo devagar
Sandália de dedo
Telefone que não toque
Tenho alguma coisa para dizer, mas hoje não
Som que escuto é silêncio bom
Saudade de cada canto da sala
Porta fechada
Mundo de fora trancado aqui dentro
Você não vai entender
Você vai duvidar
Mas é só isso
Hoje eu só quero ficar só
Fone de ouvido na cabeça
Milhões de coisas para pensar
Quarto quadrado, caneta e papel na mesa
Tudo me esperando
Nesse silêncio escuto tudo
Cada virada de página
Vento batendo na janela
Amor de vizinho, escuto tudo
Não sei quanto tempo mais fico por aqui
Não me sinto só, estou bem acompanhada
Espero a hora
Vem me buscar
Vem me lembrar que tudo volta
(Fernanda Porto)

16.9.09

dois



O convite veio à meia-luz. Não consegui resistir. Havia um plano em comum. Você conjecturou um sequestro relâmpago, mas meu sorriso não me deixava ser vítima. Tudo ao redor estava fora de um bom cenário de estreia. Então, resolvemos fugir logo. Ir para um lugar perto da sensação de abismo da primeira vez de um casal. Nossa primeira noite não poderia ser diferente do encontro de duas pessoas que pouco se conheciam, mesmo com toda ardência presente no nervosismo do coração acelerado e das pernas trêmulas. Eu fiquei rendida para um sumiço, para algo apagado de outros. Você olhava pra mim como se me percebesse pela primeira vez. Nunca pensamos em sentir algo tão próximo. Era tudo perfeito, porque nossos defeitos foram superados e as virtudes criavam um pacto de infinitude naquelas horas levitantes. Você acelerou o carro e eu não pude deixar de pensar: quando iremos nos apaixonar?

13.9.09

sei lá...

"Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus..."
(Poema de sete faces, Carlos Drummond de Andrade)
Eu cansei por hoje.
Não, não pense que estou assinando um atestado de desistência. Não, não vem ao caso tanto radicalismo. Só cansei da falta de garantias. Nem toda a intuição do mundo poderia garantir um passo firme. Não sei como será lá... adiante.
Estou em dias bipolares.
Acordo presa na vontade de desejos mirabolantes e durmo na vaga sensação de ser nada.
Tenho morrido de saudades. Tenho pisado passos vertiginosos.
Não sei explicar... mas, é como se algo tivesse fora do lugar. Não encontro uma lógica. A engenharia do meu pensamento não se organiza como antes.
Ando esquecendo os gostos de alguns afetos. Perdi a noção da cor verdadeira dos desamores (isso é bom!). Tenho percebido o barulho da chuva desviada pelos carros da minha rua. Ando ofendida com a indecisão do outro. O gosto do sorvete de creme ficou sem graça. Não escuto mais as mesmas bandas. Ando aceitando elogios. Voltei a procurar alguns amigos antigos. Tenho medo da próxima ilusão...
...
Sim, a lista poderia ser imensa com todas as coisas pitorescas ao meu redor. Escrevê-las aqui é tentar botar ordem no meu caos interior.
E agora, qual é o próximo passo?
Acendo um cigarro?
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Neste exato momento, quase deletei tudo aqui...
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(Então, termino com esse parênteses... porque hoje não nego nada... o mundo todo não bastaria... Ando aberta para obras!!!!!!!!!!)

10.9.09

CaPiTaL LeTtEr

Cansei da sua bibliografia. Cansei da sua madrugada de olhos abertos para letras minúsculas. Não vê que há mais pra ver? Não sei aonde está a sua vida porque faz tempo que vc não a usa. É tudo o que você tem. Por que não fica em Caps Lock? Maiúscula por um tempo. Talvez possa enxergar mais além do que a sua bibliografia. Por que não dorme um pouco e deixa de lado as olheiras? Parece que gosta das olheiras, sei lá. Elas sempre se confundem com o inchaço dos olhos do choro da noite anterior. Eu sempre olho e digo: Pô, mas você chorou ou não dormiu? A resposta, sempre a mesma: Os dois. Se você é assim, então posso te dar um livro novo. Aliás, acho que escreverei esse livro: CAPS LOCK. Só pra eu lembrar de apertar essa tecla mais vezes na vida. E você também. Vamos enfeitar as letras maiúsculas dos começos dos parágrafos!! Sabe, fazer aquele monte de desenhos e voltinhas ou pontas e traços alongados...hehe. Vida na vida.

4.9.09

Caixa de Saída

Quando te vi sentado com as mãos na cabeça e de cabeça baixa, emocionei! Nem faz tanto tempo que eu não te vejo, semana passada mesmo sonhei com você. O desejo é tanto que roou todas minhas unhas, corto as do pé e te mando uma mensagem.
Caixa de sáida (1)
Acabei de te ver sentado na rua. Deu saudades, Bjos.

Você não me viu . Isso faz com que eu crie fantasias. Como teria sido nosso oi, nosso abraço, nosso beijo, nosso depois.
Parece que voltei aos meus 16 anos, não consigo dormir. Estou desesperada por uma mensagem sua, um alô, uma resposta, um Também estou com Saudades!! É porque assim eu posso rebater.
Caixa de saída (2)
Vem para casa depois das gravações, estou te esperando acordada.