19.11.08

dia meio comum

Tudo parecia igual. Levantou às 7, pulou da cama, tomou banho, água pro café no fogo e alguns pensamentos soltos. Tudo parecia mais ou menos igual. Comeu o pão amanhecido mergulhado no café forte com um pouco de leite, folheou o jornal, riu pro gato e empacotou-se em sentimentos matinais. Tudo começava a parecer bem diferente. Fez a lista de pendências do dia no papel da padaria, ajustou-se na calça jeans, blusinha estampada por debaixo da jaqueta, suspirou em silêncio a ausência dele. Tudo era diferente. Correu para o ponto de ônibus, esqueceu os óculos escuros, deu bom dia para o porteiro do prédio vizinho, chorou uma lágrima de angústia. Nada era igual. Sentou na mesa para começar o dia de trabalho, tomou mais um café, da Dona Severina, leu os e-mails, refletiu um amargo gosto de perda. Aquietou-se! Cantou a música do rádio enquanto criava o logo para uma empresa de lingerie, conversou com o colega de trabalho sobre o filme que tinha visto na noite passada, sentiu o inexistente e reconheceu a falta de cor nas lembranças que ainda os unia. Celular tocou. Era o despertador: fim do expediente, hora de encerrar o dia.

[imagem: "Chuva", Oswaldo Goeldi ]

2 comentários:

Denise disse...

ele parecia diferente.
mas no fundo ele é igual.
diferente de mim...

Roberto Feliciano disse...

muito bom, mesmo!